.

domingo, 27 de outubro de 2013

UM CHINELO PARA UM PÉ CANSADO

Gosto de escrever cansada. A lassidão dos músculos enternece os sentidos e o torpor transfigura as barreiras da linguagem em suor. As pernas ficam mais lentas, mas as palavras voam. O cansaço é amigo.

É amiga, pois pressupõe um repouso subsequente. Às vezes precisamos simplesmente deitar a cabeça no colo amigo e deixar despejar na atmosfera as fadigas, as mazelas e os desgastes todos. Nossos pés cansados carecem de um chinelinho. Gostamos, merecemos e precisamos de conforto. E o que é mais reconfortante que saber da presença de alguém que esteja disposto e pronto a nos acolher? Não tem lençol de mil fios que valha um abraço sincero.
Quando em boa companhia, o conforto é simples e barato. Basta estar junto, mesmo em silêncio. Tem silêncios que dizem tanta coisa…

Há companhias que nos confortam o coração, outras que nos confortam o ego. Há também as que aquietam as vontades, confortando-nos dentro de nós mesmos. Há ainda aquelas que nos confortam a mente. A ideal é aquela que encerre um pouco de cada uma dessas, mas que não nos deixe completamente relaxados, porque conforto em excesso vira letargia.