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domingo, 26 de maio de 2013

Amizade!

Pra mim, amizade tem mais a ver com o que o outro me faz sentir do que necessariamente com o que ele pode me dar. Não conto meus amigos pelos benefícios que me trouxeram, mas por como me fizeram sentir privilegiada pelo quanto me acrescentaram. As fases mudam, os amigos mudam, a gente muda. O passado não. A amiga da bagunça da infância será sempre a mesma, os conselhos do amigo confidente da adolescência já foram dados, a parceria nas farras da escola já aconteceram.Tempo nenhum será capaz de apagar. Distância nenhuma afasta as lembranças. Amigo de verdade deixa marcas. E uma marca ninguém pode tirar de você!"

O otimismo

O otimismo é uma das minhas características mais fortes. Acredito que você é o que pensa. O mundo se torna mais bonito e agradável quando não se leva muito a serio os problemas do cotidiano. O bom humor é muitas vezes a chave pra felicidade.
Só que às vezes esse otimismo desaparece por algum tempo, 1 min...1 dia... 1 semana...1 mês... aí a vida fica bem mais difícil, por que sua mente fica cheia de pensamentos negativos que acabam por te deixar triste. Mas logo depois você vê tudo que está perdendo e tudo volta a bilhar.
Estou falando isso porque eu, depois de um tempo remoendo uma dor inútil, percebi que eh melhor ser feliz. É como a minha amada cantora Roberta Sá canta “é melhor ser alegre do que triste, a alegria é a melhor coisa que existe”

Escrevedora

Já falei aqui nesse blog da minha necessidade de escrever, às vezes não sei nem sobre o que mas PRECISO। Estou lendo um livro “Carta a D.” de André Gorz, e ontem eu li um trecho onde ele fala exatamente sobre isso...e eu achei genial:

“O principal objetivo do escritor não é o que ele escreve. Sua necessidade primeira é escrever. Escrever, isto é, ausentar-se do mundo e de si mesmo para eventualmente, fazer isso a matéria de elaborações literárias. É apenas num segundo momento que se poe a questão só tema a ser tratado. tema é a condição necessária, necessariamente contingente da produção de escritos. Não importa qual o tema é melhor, desde que ele permita escrever. Durante seis anos, ate, 1946, eu mantive um diário. Escrevia para conjurar a angustia. Não importava o que; eu era um escrevedor. O escrevedor só se tornará escritor quando a sua necessidade de escrever for sustentada por um tema que permita e exija que essa necessidade se organize num projeto. Somos milhões a passar a vida escrevendo sem nunca terminar nem publicar nada”.

Eu sou uma escrevedora. Amo escrever. Como ele disse, escrever conjura a angustia... Parece que tudo se torna mais claro... Os sentimentos e as opiniões mais organizadas e simples. Parece que o pensamento é muito vago, passageiro e mutável, a palavra não. Ela é mais convicta, firme, duradoura.

Vazio


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Deve ser bobagem,

deve ser..

Sobre mim

Se alguém perguntar por mim
Diz que fui por aí
Levando o violão embaixo do braço
Em qualquer esquina eu paro
Em qualquer botequim eu entro
Se houver motivo
É mais um samba que eu faço
Se quiserem saber se volto
Diga que sim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim

Tenho um violão para me acompanhar
Tenho muitos amigos, eu sou popular
Tenho a madrugada como companheira
A saudade me dói, o meu peito me rói
Eu estou na cidade, eu estou na favela
Eu estou por aí
Sempre pensando nela

Na Madruga


Acho que a madrugada é a hora mais interessante do dia.
Silêncio inspirador.
Talvez seja por isso que os poetas têm insônia.
Será que eles são poetas porque têm insônia, ou têm insônia porque são poetas? Talvez seja uma questao de opção pela insonia.
Na madrugada é quando me vêem as melhores idéias, a solução pra problemas que pensava serem impossíveis de resolver, as palavras ficam fáceis de serem ditas, como manteiga quente é fácil de passar no pão. É quando eu quero ficar acordada.
E aquele momento entre o dia e a noite é o mais misterioso. Sempre achei isso, desde criança. Parece que alguém esta fazendo algo escondido, como se a passagem da noite pro dia fosse alguma coisa proibida, que ninguém pudesse ver.
Enfim, a madrugada é interessante. Não digo que é lindo, nem digo que é feio. É talvez o momento em que todas as energias do dia anterior estão sendo repostas, junto com as nossas, que estamos dormindo, ou não.



Devolvam minha paciência!

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Estava sentindo desde o começo desse mês que eu estava sem paciência pra qualquer tipo de coisa: pergunta com resposta obvia, dramas desnecessários, piadas sem graça e de humor negro, gente sem noção de inconveniência, gente falsa, gente pessimista... e as vezes sem paciência ate falar, me explicar. É muito mais fácil aceitar que eu estou certa e pronto, não é?
Não. Não é não. Eu estou chata e nem eu me agüento nessa condição presente. Tento estar sempre me policiando, mas quando vejo já estou olhando pra alguém como se dissesse: “Cala a boca”.
Porque será que isso está acontecendo? Eu aposto nos astros, eles devem estar alinhados em uma posição desfavorável.

E isso só confirma a minha teoria de que quando alguém fala mais grosseiro com outra, quem sofre mais é a própria quem agiu sem paciência. Que coisa ruim. Sinto-me mal por isso... cadê a minha despreocupação invejável? E o meu “take it easy”? Quero de volta, mas tem que ser agora, porque estou “um pouco” sem paciência.

Permita-me entristecer

Acho mesmo que o ato de fazer alguém rir, de dar um pouco de alegria pra alguém que precisa é mais prazeroso pra quem dá do que pra quem recebe. Talvez por isso eu me doe tanto as pessoas, por puro egoísmo.
Mas a vida, as vezes parece que nao se simplifica... e eu penso: e se por um acaso eu sou a pessoa quem está precisando de alegria? de alguém pra conversar? pra me mimar? Será que alguém nota? Não quero dizer com isso que peço de volta o que dou. Não. Se existe uma coisa que aprendi, essa coisa foi a de não cobrar nada, isso repulsa. Mas não há como não esperar algo em retorno ... não necessariamente o mesmo que dou, mas algo.
Sim. TORNEI-ME carente, chorona e sentimental, talvez porque só agora tenha começado a viver.
O fato é que me sinto só. Não sei se essa é a real situação, mas sinto. Sinto como se tivesse ajudado todo mundo na festa a se conhecer, se divertir, a formar casaizinhos, mas no final da noite sou a única que vai pra casa
SOzinha.

Não falam, gritam

-Ai, esse cara tem olhos muito desconfiados, não gosto dele!
Agora esse tem olhos muito fundos... ele é misterioso...
Ixe, esse aí tem olho junto. Nunca confiei em gente de olho junto...

-Mãe, a senhora observa muito os olhos!

-Mas claro! Os olhos falam muito...

-Então eu tenho olhos de que?

-De sonhadora.

Presente pra sempre

Sempre achei que palavras fossem o maior e o melhor presente que pudesse receber,e toda vez que eu as recebo é de braços abertos.

Podem ser elas criticas
...que me fazem pensar
Podem ser elas de rancor
...que me fazem querer entender
Podem ser elas de ódio
...que me fazem querer ajudar
Podem ser elas de brincadeira
...que me fazem rir
E podem ser elas de amor
...que me fazem amar mais ainda.

As únicas que não me desperta sentimento algum são as que não têm verdade e essas eu não faço questão de ganhar.

Vitrine

Eu não preciso de restaurantes caros, de roupas da Colcci, de maquiagem da Dior ou sapatos da Arezzo, nada disso me faz feliz nem satisfeita, talvez ate me traga um pouco de auto-estima, que sempre cai quando eu percebo que isso não passa pano e pó. O que eu preciso realmente é de amor, carinho, amizade e isso não vem com uma etiqueta indicando o preço nem uma vendedora tentando te agradar com chocolate e cafezinho. Eu falo de necessidade de primeiro grau, aquele que não se pode viver sem, do conforto que nem um lençol de linho, nem uma almofada da índia, nem toalhas importadas da Turquia podem dar. Eu falo do conforto que eu sinto num abraço sincero, no segurar de mãos que acaricia, de um beijo na testa.
Todo esse falso glamour não me encanta, não me desperta sentimento de desejo nem me causa inveja, só me faz pensar o porquê das pessoas gastarem tanto para obterem algo que o dinheiro não paga.

Eu pela metade

Sabe quando você sabe que esta fazendo a coisa errada mas mesmo assim o faz por não ter outra alternativa, por ser o ultimo recurso, por desespero?
Ninguém pode chegar para alguém e dizer: Ei, posso ser importante pra você? É absurdo! Mas é exatamente o que eu estou fazendo, cobrando por algo que não se pode cobrar. Feio né? Parece falta de amor próprio, insegurança... e na verdade é.
O medo de perder , o olhar de admiração, a verdade, a devoção e a grandeza, me faz enlouquecer a ponto de fazer o que pensei que nunca faria.
Na tentativa de justificar meus atos, quase infantis, eu digo pra mim mesma que eu amo demais, por isso cobro, mas eu sei que essa cobrança acaba afastando ainda mais o que já esta distante.
-
Tendo consciência disso, eu decidi sofrer um pouquinho e te deixar ir. Não encare isso como um desistir e sim como um espaço maior pra você poder seguir por onde e com quem quiser.

Velha infância

Entre um filme, uma conversa despretensiosa com meu pai e um climinha de chuva, eu dormia. Podia sentir preguiça (sem culpa) e ficar o dia inteiro em casa que ninguém iria me ligar querendo saber o porque do meu sumiço. 
Por causa dessa minha preguiça diurna, ontem eu não consegui dormir a noite. Li um texto sobre teatro que tinha levado sem muita pretensão de ler e quando já estava entediada, vi uma foto minha com o meu pai num porta-retrato, que certamente já tinha visto, mas que nunca tinha parado para pensar o quanto eu tinha mudado daquela foto até agora.
Na foto, era natal, eu deveria ter meus 12 anos . Eu comecei a imaginar quais eram os meus conflitos da época, o que era a coisa mais importante na minha vida naquele dia, mas principalmente se eu sentiria orgulho de ser quem eu sou hoje.
Olhei cada detalhe, meus olhos, meu cabelo, minha bochecha, o jeito que estava abraçando o meu pai...
Aquela foto me respondeu muitas perguntas que estavam me consumindo por eu ter esquecido quem eu era, ter esquecido a minha historia, que é linda e cheia de pessoas especiais que ainda por cima me amam. Tinha esquecido que para algumas pessoas, a minha vida é a vida delas. Me senti importante e cuidada. 
Me fiz bastante perguntas, chorei, senti saudades de ser criança... e fui dormir sabendo que mesmo tendo mudado tanto, ainda era aquela menina da foto, cheia de sonhos e com uma vontade imensa de ser feliz.
E então pude responder a minha pergunta principal.

O que não ensinam em anatomia

Na cabeça: qualquer lugar imaginário que eu crio para tentar afastar de mim essa distancia que me corroe os ossos.
Na respiração: falta ar.
Na garganta: um nó cego.
Nos olhos: um vermelho que denuncia ao mesmo tempo uma vontade imensa de chorar e uma outra de se manter firme, intacta.
No abraço: alguém que me possa entender pelas batidas do coração.
Na testa: duas rugas que se tornam cada vez mais próximas de serem permanentes.
Na boca: sede de dizer “eu te amo”.
No corpo: dormência.
Na musica: a confirmação de que eu sou frágil.
No coração: um nome.
bjo

Não me entendam

No dia que vocês, os sem amor, me entenderem, eu vou estar perdida!
Nunca soube lidar bem com vocês e pra falar a verdade nunca fiz questão, sem querer ofender, é claro. Mas se vocês não tiverem nada contra mim, eu vou supor que encontraram por aí alguma explicação cientifica ou alguma teoria que saiu em um livro dizendo como me entender... e eu não aceitaria isso já que eu não acredito em nenhuma resposta lógica para o que eu sou.

Por isso não me entendam.

A vida do lado de cá, dos com amor, me ensina cada vez mais a entender coisas abstratas e invisíveis, que me fazem chorar por senti-las tão reais. Tão reais que eu não consigo ver o que é a realidade pra vocês. É daí que nasce o medo de vocês um dia se proporem a me entender, porque eu não sei se vou ser capaz de entendê-los também.

Aliviem a minha culpa, não me entendam.

DEFINIÇÃO DE AMOR



Você certamente já leu o amor, já cantou o amor, já sentiu ou sente o amor. Já desacreditou o amor, já desconfiou do amor e já jurou amor, não é?

Eu também!

Tantas vezes você ainda tentou definir o que é o amor.

E por falar nisso, a mais bela definição, para mim, surgiu, há não muito tempo, em uma prosa informal, no alpendre de uma casa simples, num dia em que o sol devagar se escondia atrás dos retalhos de sombra.

- Vó, o que é amor?

- Ah, amor é um sentimento bom.
Puxa, faz dois meses que seu avô se foi. E eu sinto uma falta danada de fazer café pra ele!

[Emoção]

Palavras mais simples do que aquelas não elucidariam o sentimento mais nobre.
Amor é puramente sentir falta de fazer o café todos os dias - em sessenta e seis anos.

RELAÇÕES MODERNAS


Engraçado...

Há poucos anos, quando você ouvia falar em modernidade, via que isso soava positivamente. Hoje nem tanto.
Tudo é moderno, tudo está moderno. Até as relações humanas.
A modernidade agora assusta. O tudo ao mesmo tempo amedronta.
A era facebook, por exemplo... Esta vem massacrando o olho no olho. Uma frieza esquisita tomou conta das pessoas. Não é preciso nutrir qualquer sentimento para se tornar amigo.
E é por isso que a mesma amizade pode ser desfeita com um clique.
As pessoas são descartáveis. Você se torna dispensável do dia pra noite. De um minuto pro outro. De um segundo pro outro.
Quando seu amigo de mentira não te curte mais, ele te deleta. Simples assim.
Até que ponto isso é avanço?
A essência da vida está escapando pelos nossos dedos sem a gente perceber.
Na era das novas tecnologias, que, claro, não obrigam ninguém a nada, as pessoas sentem uma necessidade louca de estar por dentro de tudo, conectadas a todo instante a um bando de desconhecidos só pra não ficarem fora da conversa que rola na mesa do bar.
Será que não nos damos conta que, mesmo sem notar, estamos dando importância demais à essa modernidade, a ponto de substituir o contato humano pelo contato virtual?
A troca de informações, a recomendação de notícias importantes do cotidiano, o expressar-se publicamente... Tudo isso é bacana e dá pra curtir.
Mas e os amigos de verdade que estão ficando esquecidos, sendo trocados por centenas de contatos desconhecidos ou amigos de mentirinha?
Pare por um minuto e pense quantos minutos do seu preciosíssimo tempo você está dedicando a eles.
Ele fez aniversário. Você telefonou pra ele?
No Natal, você enviou um cartão?
Não precisa responder...
A modernidade se incumbe disso.

O QUE TEM DE BOM?!



Já viram aquela pessoa que implica ou reclama de tudo?
Pois é! Ela se torna um saco tão grande que quase ninguém suporta carregar.
Seu pessimismo faz mal. De tudo reclama e não tem a mínima sensibilidade pra perceber que o problema muitas vezes é com ela mesma.
Gente neurótica, isso sim.
A fila do supermercado está grande, reclama. Faltaram dez centavos no troco da farmácia, resmunga. . Fogo de palha. Intimida toda vez e nunca sai disso. O negócio é fazer alarde, e aparecer, claro, já que sofre de carência afetiva por não ter amigos.
A criatura acha que pode fazer escândalo em toda e qualquer situação, pois é sempre a vítima, a lesada.
O ônibus está lotado, já entra xingando, estragando o dia de todos que ali estão. Se está sentada, reclama do calor e jamais oferece seu lugar ao idoso que parou do seu lado.
O cachorro late na rua, ela o amaldiçoa. O gato mia, ela quer matá-lo.
Ao seu bom dia, às sete da manhã, ela retruca com um "tem nada de bom pra mim".
Você se aproxima todo alegre contando que vai fazer uma viagem, ela comenta que a estrada é perigosíssima e que várias pessoas já morreram ao passarem por lá. Aí ela dá detalhes dos acidentes. Você sai animado com tanta positividade.
As datas festivas são sempre detestáveis. A enfermidade de espírito é tão absurda, que a pessoa não gosta de Natal porque é triste, de Ano Novo porque tem barulho, de Páscoa porque engorda, e por aí vai. O sentido das comemorações, ela abstrai. Criticar é o bastante, o tônico a alimentar sua alma.
Ela tem mil livros de autoajuda, com palavras que não fazem nem cócegas no seu íntimo.
- Oi, amiga, tudo bem?
- Não! Se eu estivesse bem, estaria rindo aos quatro cantos.
É assim mesmo que, secamente, ela te responde.
- Posso te ajudar em alguma coisa?
- Ah, pode! Arrume um novo emprego pra mim, com o melhor salário. Encontre um homem que me ame e que seja lindo e rico. Pague minhas contas, que fica tudo certo. Será uma grande ajuda. Desconcertadamente, você sorri e insinua ter levado na esportiva. A situação causa um desconforto grande e sua vontade é mandar esse ser fracassado pra uma PeQuePê qualquer.
Sem palavras, sua cara é de bobo alegre. Bobo alegre, mas bem feliz e otimista, pois estuda, batalha pra ter sucesso e sorri apesar dos percalços. É o que, às vezes, incomoda muita gente.
Quer saber? A próxima vez em que ela reclamar da chuva não a deixou dormir, peça a ela pra ceder sua casa e sua cama àquela família que ficou sem teto devido à mesma chuva.

DJS DO COLETIVO.



Ônibus lotado. Sexta-feira. Rostos cansados de um fim de tarde. Variadas fragrâncias de suor.
Estou ansiosa para chegar em casa depois de um exaustivo dia. O sono intenso atrapalha minha leitura. É nessa hora em que, no coletivo, adentram dois rapazes com suas bermudas quase calças, suas camisetas quase vestidos e correntes douradas que serviriam muito bem pra fechar meu portão junto de um cadeado médio.
Despertei!
Eles pararam em pé bem ao meu lado. Continuei com os olhos cravados no livro, mas a concentração já havia se perdido em quilômetros anteriores do meu trajeto intermunicipal.
Minha atenção se volta aos movimentos dos jovens. Guardo minha leitura. Cada um retira do bolso um aparelho celular (última geração, claro), selecionam a música da preferência e colocam todos do ônibus para curtir. Um rap, do qual não se entendia uma palavra, e um funk, igual a todos os outros. No último volume, os ritmos se associam e se misturam ao som da rádio FM escolhida pelo motorista, às gargalhadas de alguns passageiros e ao silêncio de outros.
Ao redor, percebo pessoas incomodadas. Umas comentam, outras xingam, enquanto eles, felizes, cantam, parecendo fazerem parte de um universo particular.
Ao meu lado, uma moça pensa alto:
- É brincadeira!
Em poucos segundos, obviamente tomada por uma grande revolta, ela extrai da bolsa seu aparelho celular e escolhe, também, a música de sua preferência: um axé. Aumenta o volume e ri alto, vingativa. Contida, ainda balança os ombros ao som do swing baiano.
Permaneço observando a cena. Pauso para reflexão.
Facilmente, aquele espetáculo configuraria um episódio de qualquer programa de humor.
Tive a certeza de que a popularização e modernização dos aparelhinhos de comunicação retiraram de muitos a noção de etiqueta. Se é que sabem o que é isso...
Bom senso? O que é isso mesmo? Não... Não sabem o que é. Ou, duas últimas possibilidades: não foram apresentados aos fones de ouvido ou ainda não tiveram dinheiro para adquiri-los.
A essa altura, o coletivo fervia. Eu, disfarçadamente, ria. Afinal, eu estava diante de Djs, sem pagar nada. Meu estresse não resolveria aquela comicidade. Preferi ser feliz, esperar a hora de puxar a cordinha para descer no meu ponto e, claro, compartilhar minha impressão